Os espasmos do choro são uma situação benigna e habitualmente com resolução espontânea até à idade escolar, que podem ocorrer em cerca de 5% das crianças saudáveis, mais frequentemente entre os 6 meses e 5 anos. Oitenta por cento crianças têm o primeiro episódio antes dos 18 meses. Os espasmos são desencadeados por situações desagradáveis para a criança, desconhecendo-se a sua causa (não são uma manifestação de epilepsia), repetindo-se de forma mais ou menos completa, mas sempre precipitados por um estímulo negativo. Com o tempo, as famílias envolvidas aprendem a identificá-los e antecipá-los muito bem.

Como se expressam clinicamente?

Tipicamente, após uma situação desagradável como seja uma queda, uma contrariedade, medo, susto ou qualquer dor súbita, no início ou durante o choro, a criança prende a respiração em expiração, deixa de chorar e entra em apneia com cianose (coloração arroxeada) a que se segue hipotonia/fraqueza muscular e por vezes mesmo perda de consciência. Se a apneia é mais prolongada pode surgir hipertonia (rigidez corporal e até com encurvamento). Muito raramente poderão surgir convulsões. Este é a forma de espasmo do choro cianótico. Noutras situações, após um susto a criança pode ficar pálida e suada. Se esta situação demorar alguns segundos pode igualmente ficar com hipertonia/rigidez muscular, podendo ocorrer incontinência de esfíncteres. Esta forma é muito menos frequente.

O que deve ser feito?

Deverá manter-se a calma e aguardar (veja o vídeo do Youtube© no fim do texto). Se numa fase muito inicial, depois de conhecer o que vai acontecer, chamar pela criança, poderá conseguir abortar a situação. Na maioria das situações não adianta gritar ou abanar. Não faça manobras de respiração boca a boca, aguarde que a situação desaparecerá.

São precisos exames para esclarecimento?

  Nos primeiros eventos irão ficar muito preocupados, pelo que deverão procurar o vosso pediatra que lhe explicará e orientará se houver alguma dúvida. Se existirem patologias concomitantes, nomeadamente situações de anemia ferropénica, o pediatra orientará adequadamente.

Qual é o prognóstico?

A maioria desaparece pelos 4 anos e muito raramente persistirá para além dos 8 anos. Esta situação não é prevenível ou tratável com medicamentos. Em alguns casos as crianças poderão fazer “esta manobra” como forma de pressão e manipulação, quando se apercebem que ao iniciar o choro os pais ficam com uma ansiedade desajustada. Por isso, é muito importante que as famílias mantenham a implementação das adequadas normas de orientações educativas, mesmo sabendo que isto poderá gerar contrariedade e desencadear episódios de espasmos do choro, havendo o risco de, se não o fizerem, levar ao aparecimento de comportamentos desajustados no futuro.  

https://www.youtube.com/watch?v=15RX2azZwX8#t=36

Emídio Carreiro – Pediatra

Paulo Coutinho – Pediatra

Nota: Este texto não substitui o conselho médico, diagnóstico ou tratamento. Procure sempre o conselho do seu médico

Download do artigo em PDF

2014 © Todos os direitos reservados | Desenvolvido por JumpStart